A CRUA é um laboratório de experimentação artística voltado a todos que se interessam pelo corpo e pela criação. É uma proposta de ajuntamento em torno de estudos no campo artístico com ênfase nos fazeres em arte de carácter experimental. É um “Lab” que aposta na vivência coletiva e na criação compartilhada como metodologia contemporânea de trabalho e pesquisa.

A partir do pressuposto de que o corpo é nossa bússola e nossa direção, a cada edição da CRUA são criadas possíveis tessituras entre estes eixos investigativos:

(1) Corpo, coletivo e contexto: Preparação e desenvolvimento focados na instrumentalização dos participantes em relação aos seus corpos, em relação ao grupo e ao espaço/contexto.

(2) Definir performance é um falso problema: Explanação de perspectivas históricas sobre a arte da performance e compartilhamento de referências nesta área. A performance, estabelecida como prática artística desde os anos 60, atravessa as bordas das linguagens artísticas já estabelecidas proporcionando experimentações multifacetadas. A estratégia da performance é resistir a definições. Ela trata justamente de desnortear classificações, de desconstruir modos tradicionais de produção e recepção artística. É um expoente da arte contemporânea porque suspende certezas sobre o que seja “obra de arte”, “espectador” e “artista” ao lançar perguntas desconcertantemente fundamentais como: O que é arte? O que move a arte? O que a arte move? Quê arte move?

(3) Programa performativo: Exercícios práticos para a criação e realização de programas performativos. O programa é compreendido como um motor da experimentação, é baseado em um enunciado que norteia, um roteiro que move e possibilita a experiência.

O Lab busca proporcionar ao participante uma visão ampliada sobre a arte da performance e intenta promover a criação de ações performativas que gerem reflexões sobre corpo, movimento, contexto e performance.  

Nesta lida, interessa o corpo enquanto matéria crua, porosa, ao mesmo passo que sensível e atento. A CRUA acontece sob ótica da criação em processo e é dessa percepção que se abre a possibilidade para experimentação. O compartilhamento de tais processos de criação também são parte importante pois, é na partilha que se dão a ver outras perspectivas e se torna possível pensar a criação artística como uma rede em constante elaboração.  

A CRUA é uma plataforma aberta gerida e orientada pela artista Bia Figueiredo. Com três edições já realizadas, a última integrou a programação do 28 Festival de Inverno da UFPR.

Desde esta paisagem pretende-se investir em outras fusões artísticas, provar a criação partindo de outros arranjos, tornando assim, outras possibilidades imagináveis.